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AMOR SELVAGEM

CONHECIMENTO BRUTO

À MÃO (LIVRE)

Estratégias de projetos comerciais têm um quê de cinema e teatro. É algo profano, promíscuo e divertido. Parece pré-história arquitetônica; algo antes da invasão das éticas clássicas e das morais kantianas

Nós lemos em algum lugar que se deve pensar fora da caixa. É preciso ser criativo; disseram em um brainstorm que o arquiteto que tenta pensar fora da caixa quando projeta uma loja de joias não pode nem pensar em dizer que a ideia veio em fazer a loja como uma caixa de joias. Isso seria considerado ridículo. Tupi se deparou com esse mesmo brainstorming e estavam chovendo ideias por toda a mesa naquele dia. A única ideia não ridícula era ser primitivo e só aceitar que uma loja de joias ou uma caixa de joias (já que são a mesma coisa, não importa o quê) são, no fundo de seus arquétipos, a mesma coisa, como um espaço de pura sensualidade. Um espaço sacro. Ouro é ouro. Sexo é sexo. Mas o que fazer quando nós entramos naquele museu de gemas da metade do século? A primeira coisa que alguém pensa é: se não é a Disney, é o que?

A promiscuidade aqui é a mesma do cinema e do teatro. Vem do dramático jogo de luzes e sombras. É uma coisa poderosa que emana de dentro das pedras que salvaguarda objetos brilhantes e que são capazes de hipnotizar qualquer um. Por que diamantes são tão valiosos? Por que diamantes são dados aos amados? Só porque diamantes são mais duros que metal? Amsterdam Sauer é uma lenda na história do design de joias no Brasil. É um negócio familiar de três gerações. Eles detêm a primeira esmeralda certificada achada nas nossas terras. É uma obra de arte. Está guardada em um pequeno museu de gemas que a família guarda na cidade do Rio de Janeiro. Tupi se sente muito honrado em ter sido escolhido para projetar a sua terceira geração das caixas de joias em escala humana. A ideia era de trazer o nome da família para o plano frontal. Amsterdam, uma vez a capital do subsolo; onde quer que seja, quando alguém postava esse lugar-nome, tinha que dar espaço ao nome da família. Não em uma ceia conservadora, devemos dizer, mas por algo mais próximo às nuances de paquera que saem do som da palavra Sauer quando lida em voz alta.

"This is a Sauer taste", alguém poderia pensar em voz alta. Ah, você quer dizer os objetos de arte que eles vendem, feitos de pedras preciosas compostas na forma e no formato de pássaros. Algo que só os designers mais ousados dariam conta. Os Sauers têm esse tipo de ousadia. Eles vão com tudo. A giratória energia das cores veio para o plano frontal. O giratório glamour kitsch veio para o plano frontal. Os giratórios clichês vieram para o plano frontal. A peça mais rock and roll deles, o anel Constellation dos anos 1960, tornou-se a cascata de luz no teto. A completude do museu veio para o plano frontal. Isso não é uma caixa de joias. Isso é uma caixa de sexo. Uma homenagem à sumida Amsterdam que vai sempre permanecer nos bastidores. Stephanie, a diretora-chefe de arte da casa é uma artista de ponta. Ela é destemida. Tupi só tinha que segurar e aproveitar a viagem. Quando uma empresa familiar decide sair do armário, é isso que você deveria olhar como estudo de caso.

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